Religião: relacionamento com Deus ou com Dinheiro?



A religião é o relacionamento dos seres humanos com Deus. Para muitos filósofos Deus é chamado “absoluto". Urbano Zilles (autor da obra Filosofia da Religião), afirma que o absoluto é o fundamento da vida humana e de tudo que está relacionado a ela pois pretende encontrar e dar sentido a vida.
Para construir uma vida com sentido é necessário viver em harmonia: unidos para conseguir metas que podem ser alcançadas só quando os indivíduos entram em cooperação, formando agregados como família, comunidades religiosas, escola, Estado, etc. Na acção em cooperação pretende-se superar situações de dor, fracasso profissional, decepções amorosas, falta de dinheiro.
O Absoluto está presente nas mudanças para o alcance de maior felicidade. Assim, a união com Deus (religião) é uma coisa boa e importante para a sociedade. Esta mesma união contrasta com tudo de mau que acontece onde quer que aconteça.
A religião, considerada desta maneira não pode ser má. Trata-se da presença de Deus em todas as coisas, (embora Deus seja diferente de todas estas outras coisas). Pelo contrário: o tudo no qual Deus é presente é incompleto e em certos sectores até é mau no sentido físico e moral, neste ponto a história mostra que até as religiões que apareceram no mundo e as que hoje ainda existem tem nelas muitos males que devem ser repudiados e superados tais como: fanatismos, fundamentalismos e violência em nome de Deus.
O Estado moçambicano tolera todos os tipos de manifestações religiosas, desde que as mesmas não firam os princípios de organização do Estado. Existem hoje em Moçambique religiões e Igrejas provenientes de fora além da religião tradicional sobre a qual temos dificuldades em defini-la porque não encontramos estudos sobre ela e também porque não tem uma organização vistosa comparável com as religiões vindas de fora.
Será errado afirmar que em Moçambique é mais fácil fazer contribuições como o dízimo e ofertório e outros tipos de contribuições do que pagar impostos que ajudariam a construir escolas, estradas, hospitais…? Será que as pessoas confiam mais na honestidade dos dirigentes das instituições religiosas do que nas instituições e funcionários do Estado?
Será uma opinião totalmente errada dizer que as instituições religiosas interessam-se mais pelo dinheiro dos seus contribuintes e quase que não se interessam devidamente em educar a sociedade para o exercício da cooperação, respeito e tolerância?
Terão razão àqueles que dizem que pelo menos algumas das grandes instituições religiosas de Moçambique estão associadas a círculos financeiros internacionais, com o intuito de expandir os interesses internacionais no sector comercial (bancos, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro), na indústria, incluindo a do armamento? Há maneiras de desmentir tais boatos mostrando que essas afirmações não podem de alguma forma ser provadas?
Tais opiniões dariam razão aos que afirmam que algumas instituições religiosas instrumentalizam os testos sagrados (a bíblia e o alcorão) para construir um mundo em que poucos têm todas as vantagens e esta minoria domina e explora tantos outros que formam uma maioria que segue cegamente as afirmações dos seus líderes religiosos?
Os líderes religiosos têm os meios para convencer que eles atendem imediatamente as necessidades dos seus adeptos: O maior meio encontra-se em alguns textos dos livros sagrados que são seleccionados e manipulados. Se esta afirmação for verdadeira, então será errado dizer que tais religiões são más? (entre os filósofos contemporâneos, o matemático e filósofo Kurt Gödel afirma que as religiões institucionalizadas são más, todavia, a verdadeira religião não é má).
Nos últimos vinte anos, em Moçambique, várias instituições religiosas têm usado os meios comunicação tais como (internet, rádio, televisão…) para expandir a sua presença nas diversas camadas sociais. Estas instituições passam programas com tom religioso publicitando milagres, exigindo um pagamento como condição de entrada na comunidade para beneficiar-se desses milagres. Será que as Igrejas aproveitam-se da fome, do desemprego e da doença para manipular e dominar o povo? Porque é que estas Igrejas não têm a coragem de dizer com clareza que a cura de uma doença, a obtenção de um emprego e o milagre não são as coisas fundamentais que se devem procurar quando frequenta uma Igreja? Porque não se diz expressamente que a coisa principal que se deve procurar é Deus?
É notável que existe entre as Igrejas uma concorrência para obter adeptos. Não é fácil aceitar como legítima uma concorrência que acaba sendo uma acção contra a tolerância e coexistência exigidos numa sociedade que pretende ser pacífica e harmoniosa: não é admissível que nas Igrejas ao invés de se ensinar adorar à Deus propague-se ódio e repúdio a outras Igrejas e religiões (Universal e
Católica; Cristianismo e Islamismo).
Os problemas colocados neste artigo convidam toda gente, estudiosa ou não e, em especial teólogos, filósofos, antropólogos, psicólogos, sociólogos, economistas, políticos a pensar sobre as religiões em Moçambique, se elas fazem bem ou fazem mal.
Elaboração: Arnaldo Sumbane, Daniel Massango, Hélio Guerra, Paulo Massingue e Silvano Chaguala.


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