A Cegueira Dos Que Não Querem Ver e a Inaptidão Dos Que Podem Fazer
A ingenuidade ora qualidade dos mais novos pelo simples facto destes possuírem maldade alguma em si, hoje tornou-se defeito dos mais vividos pelo facto de fecharem aquilo que são as preocupações em simples conversas de "bar" e principalmente pela manifestação do egoísmo por parte dos que tomam decisões pela maioria, apesar de existir uma minoria dentre estes que pensa agir, porém encontra barreiras numa ideologia partidária. A posição dos representantes do povo tornou-se num lugar de cobiça, onde indivíduos buscam "fazer a vida" e não mais tomam decisões em nome da construção de uma Nação, pelo contrário está a destruir-se esta em nome de uma aristocracia camuflada de democracia.
Se para o aumento salarial do ano em curso não havia dinheiro suficiente, pois a economia estava sob uma forte crise de diversas variáveis no que tange ao sistema financeiro, hoje para aquisição de viaturas para os nossos saudosos deputados, de marca Mercedes-Benz que ultrapassam o valor de 200 milhões de meticais, não houve sequer um ensaio ou burocracias, afinal "nossos irmãos estão acima destas bobagens da lei" . Nestas condições onde mora a verdade? E a dignidade do povo? Ainda estamos numa representatividade dos interesses do povo?
Para quem fala em percentagem e afirma que tais gastos em nada influenciam na vida dos cidadãos, é claro que não sabe o que é pensar e ter o dilema de escolher entre comprar pão ou subir "chapa" (mini auto-carro) para chegar ao seu local de trabalho. Perdeu-se completamente a sensibilidade em relação aos problemas pelos quais os cidadãos ou o povo passam, reinando o espírito de "desde que não atinja a mim". Não é por culpa própria que o povo passa mal, porém ele contribui pela indiferença e ignorância em relação à seus direitos, pois estamos desempregados porque é normal... passamos fome porque é a realidade da nossa sociedade... Temos a mente formatada a levar tudo de ruim que nos acontece como culpa nossa, pois afinal, devemos ser empreendedores, pessoalmente não concordo muito com esta postura estratégica, de algum lado devemos começar, há que ter base, que não existissem então universidades e centros de formação estatais, ora para quê formar se não há o que oferecer? Mas que não sirva de desculpa aos que esperam as coisas lhes caírem sentados em casa, oportunidades devem buscar-se.
Como acima referi, que não sirva de desculpa aos que só acordam para gastar oxigénio e esperam que outros lhes venham bater a porta com uma oportunidade nas mãos; nunca vai suceder tal facto, a não ser que confie em mais um dos "cancros" da nossa sociedade, onde as chefias das instituições que pelo menos deveriam ser de todos, são particularizadas, o nepotismo. E para ti indivíduo, um reles cidadão que não pensa bem, sempre vai ser iludido por mudanças que não existem, como é o caso de exonerar um dirigente de um cargo de chefia para o outro onde detém mais poder e possui mais regalias, mas com tu não vês, eu não vejo e nós não vemos, a nossa sociedade continua como está, conformada...
Enquanto não nos revoltarmos, não entendamos revolta como tumulto, distúrbio, conflito ou greve, mas antes de mais, um despertar mental e verbal, ainda veremos a educação, a saúde, a habitação e o futuro dos cidadãos hipotecado em um abismo que se alastra em proporções incomensuráveis, por aqueles que por dever, deveria proteger estes direitos. Ademais, o juramento que outrora era sobre a Constituição da República ou Bíblia Sagrada, hoje parece ter sido substituído por um punhado de notas, pois o poder político parece sinónimo de enriquecimento rápido, de forma severa ascender ao poder político parece significar entrar na lista dos homens mais ricos, enfim...
Se a sociedade não acordar desse transe mental, um dia estaremos a pagar pelo ar que respiramos, pelos passos que damos, pelos dias que vivemos e pelas companhias que escolhemos (o que de certa maneira acontece). Indivíduos comuns na sociedade têm mais deveres que direitos, estes últimos parecem desconhecer, trabalham metade do ano para pagar impostos, porém não se apercebem, trabalham para outros, não no sentido de serem empregados, mas pelo esforço que pensam ser para si mesmos, enquanto é para o descanso e a boa vida dos que juraram servir seus interesses. Portanto, não existirão leis contra a corrupção enquanto os que as elaborarem forem os próprios corruptos e, enquanto nós formos uma maioria silenciosa.
"O medo dos outros é a maior arma dos ditadores" Arnaldo Sumbane
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