Desespero, medo e covardia: o silêncio gritante
O medo, o desespero e a covardia são infelizmente a marca da nossa sociedade, na medida em que o que for feito, bom ou não, ela não se manifesta. Será que ela sabe realmente o que é a democracia? Quais os seus direitos? Porque o que constata-se é que ela procede e vive pelos feitos passados, guiando-se pelas personalidades, em outras palavras, ela curva-se diante dos "heróis da pátria", como se tivesse uma dívida por pagar à eles.
Não se trata de mérito nem tão pouco de mestria que os nossos governantes encontram-se naquelas posições em que lhes colocamos, nós temos o poder nas mãos, mas quando escolhemos coagidos, reflecte a nossa falta de iniciativa e baixa auto-estima, o pensar que "não podemos", daí que os nossos políticos e as nossas políticas não mudam e ficamos presos em ideologias que não se adequam ao nosso contexto. Portanto, até aqui nada é novo, o que procura-se responder aqui?
Ser indiferente é uma coisa, agora morrer a ver é algo bem diferente. Estamos sempre a espera da mudança, porém jogamos a responsabilidade para outros, esquecemos que as percentagens que fazem ganhar e que criam mudanças começam em unidades. "Meu voto não vai fazer diferença, nem mudar coisa alguma". Entretanto, esta é uma forma de abdicar dos próprios direitos, cidadania, liberdade de escolha e de expressão. Muitos são os que passam fome e não sabem o que comer amanhã; muitos são os licenciados desempregados e nada fazem para mudar a situação, ficam em casa pensando que o emprego lhes pode vir bater a porta, enfim é uma vida de querer sem fazer!
Sistematicamente reclamamos da vida medíocre e abnegada que levamos, mas só na periferia, em órgãos próprios nos calamos temendo represálias. Esquecemos que uma revolução começa com um indivíduo, portanto, se você quer a mudança seja esse primeiro passo, pois indivíduos de uma determinada sociedade, podem até não ter a mesma ideologia, mas partilham a mesma realidade, é um facto que hoje indivíduos trabalham e agem para agradecer as entidades superiores como forma de ganhar contrapartida e receber promoção. É o famoso "lambibotismo". Mas que não sirva de desculpas para a passividade em relação aos problemas que se verificam, pelo contrário, um impulso para o desígnio da mudança em nós e que vá reflectir se de forma positiva nos outros.
Não se pode reclamar sem tomar alguma atitude, é uma coisa da menoridade a que Kant referiu-se, os argumentos devem ser rebatidos por outros argumentos, por conseguinte, os jovens não podem reclamar de emprego só por reclamar, receber um "não" e portas fechadas na cara, são eventos que sempre vão ocorrer, mas desistir não é uma alternativa "do something". Como vamos nos afirmar se não passamos por uma fase de negação, este é um ciclo da vida, onde cada um tem o seu tempo de fazer as coisas, portanto, uns mais cedo e outros mais tarde, mas sempre chega a vez se persistirmos.
Desespero é quando não sabemos o nosso amanhã e simplesmente não elaboramos projectos para que a incógnita passe; medo é quando nos apegamos ao que vimos ou vemos para justificar a nossa passividade e; covardia é quando temos a chance de algo fazer pelo mudança e nós optamos em simplesmente apontar falhas e jogamos responsabilidades para outros, ou seja, a culpa é de todos menos nosso. Queremos vida boa sem que façamos por merecer.
A vida é uma escolha, escolha ser alguém com identidade própria, personalidade e que contribui para a mudança social.
By Arnaldo Sumbane
Endereço-lhe os meus cumprimentos e parabéns por mais um artigo, por acaso tenho acompanhado o florescer de forma atenta o modo que coloca as suas ideias. O artigo adequa-se a nossa realidade moçambicano que concerne aos diferentes problemas que nos assolam, muitos reclamam e nada fazem, muitos idealizam e não põem em prática o que lhes vem a mente. O escovismo tomou conta de todo aparato social infectando-o de uma política poética que somente canta em favor das particularidades sociais. O sistema educacional centra-se ao mecanicismo e a servidão que rompe o senso crítico e o entrosamento entre a ideia e o agir. triste realidade, mas é a nossa. somos aquela sociedade que prefere morrer a fome embora sabendo como confeccionar alimentos,, sem no mínimo tentar. Num país que o hino Folclórico é a democracia o voto deveria fazer a diferença ou no mínimo deveria ser o mecanismo de justiça social, mas isso não inibe o cidadão de exercer o seu dever cívico. Portanto, poder político deveria ser um meio para que possa garantir segurança, organização e bem-estar do povo para o progresso da sociedade em geral, mas devido a prostração da base material consequentemente, sua independência e soberania foram anuladas é usado como caminho para preencher as necessidades de uma parte e privilegiando-a de imunidades banais desprezando-se as necessidades do povo que os elegeu.
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